Muticulturalismo e idiomas na infância

Foi fascinante assistir a uma entrevista com Jodie Foster, a talentosa e americaníssima atriz de filmes como Taxi Driver, o Silêncio dos Inocentes, Um plano perfeito, Plano de vôo ou o Quarto do pânico, se expressando em francês como se tivesse nascido e nunca saído da França. A partir daquele dia, Jodie Foster – uma de minhas atrizes favoritas – se transformou para mim em duas: a Jodie americana e a Jodie francesa. Durante a conversa, soubemos que Jodie Foster fizera sua escolaridade toda no Liceu Francês e, assim, cresceu à semelhança de várias outras crianças no mundo, como uma criança bilíngue.

Não tenho a pretensão de debater os benefícios e os possíveis prejuízos do bilinguismo ou trilinguismo em crianças. As opiniões são diversas e os estudos vastos.  É fato, porém, que toda criança que aprende a fundo idiomas na infância normalmente os preserva até a idade adulta e, não sem frequência, para o resto da vida. Umas mais, outras menos. E é fato, também, que (salvo exceções) toda criança é capaz de falar dois, três e até quatro idiomas simultaneamente sem muitos conflitos. Crianças aderem bem ao multiculturalismo. Elas têm uma abertura e habilidade extraordinárias para lidar com lógicas e registros diferentes. Ao mesmo tempo em que transitam com naturalidade entre um idioma e outro, fazem bem e quase que instantaneamente a disjunção. E isto não é novidade para ninguém.

Assim, vou me ater ao que conheço. Creio que é possível diferenciar dois tipos de bilinguismo ou trilinguismo. Aquele que se dá de forma quase que natural e inevitável e aquele que é provocado.

De fato, casais mistos, que vivem em um terceiro país, não terão como evitar o multiculturalismo nem uma educação para os filhos que envolva fatalmente o uso de várias línguas dentro ou fora de casa. Dentro desta categoria, estão as famílias que organizam minimamente o processo e estabelecem o como, o quando, o onde e o com quem cada idioma será construído no dia-a-dia. Esta organização de registros transmite segurança e é, a meu ver, importantíssima para o desenvolvimento da identidade cultural e dos laços afetivos da criança. A responsabilidade desta tarefa é dos pais e não deve ser transferida para a criança.

Já casais de mesma nacionalidade que vivem ambos em seu país, ao proporcionarem uma educação bilíngue para os filhos, terão o processo bem organizado desde o início. Em casa se falará o idioma dos pais e aquele do país e na escola se introduzirá o segundo idioma. A absorção da segunda cultura dependerá em grande parte do compromisso da escola com a proposta de biculturalismo. Um ciclo constante de imersão, com professores nativos e referências culturais sólidas, é recomendável.

Vou citar minha experiência sobre o tema. Nascida no Uruguai, filha de pai francês e mãe uruguaia e tendo passado a maior parte de minha infância e adolescência viajando, o multiculturalismo esteve na base de minha educação. Em casa, falava-se o espanhol sempre, na escola o francês sempre e fora de casa o idioma do país, como foi o caso do português. Não nos era permitido, em hipótese nenhuma, o vício de lançar mão de expressões linguísticas de um idioma para utilizá-las no outro. Vício aliás delicioso! Há situações e momentos em que expressões como “rodei a baiana”, “desci a rocinha” e “chutei o balde” caem como uma luva! Em português é claro! Explicar isto para um francês ou um uruguaio é toda uma história! Na França não há baianas, nem rocinhas e muito menos no Uruguai que nem morros se conhecem. A língua acaba sendo um cobertor que fica curto demais quando o frio aperta. Lembro agora de uma menina que se comunicava em alemão com seu pai, em francês com sua mãe e em inglês na escola e no país onde viviam. Ali, não havia sotaques nem dilemas. Eram três idiomas incorporados. E era todo dia desse jeito. Três idiomas bem falados o tempo todo. E voltando ao assunto que me fez iniciar este texto, é difícil lembrar como se concretiza o processo de assimilação de línguas na infância. Simplesmente, cresce-se com elas, cada uma dentro de seu compartimento e de sua incompletude.

Um aspecto que me parece bastante interessante é o de como evoluem estes idiomas ao longo da vida. Na idade adulta, as circunstâncias da vida podem fazer com que um idioma se torne mais preponderante do que outro. E, se estas circunstâncias mudarem, o idioma preponderante também poderá mudar. Às vezes, o terceiro idioma na infância se torna o primeiro na maturidade. É possível também que um quarto idioma, aprendido na idade adulta, venha a se tornar o primeiro idioma. O contrário também é verdadeiro. Tudo depende do envolvimento presente e do nível de intimidade que se tem com a língua.

Em qualquer caso, é importante ter presente que a fala, a leitura e, principalmente, a escrita são a musculatura de um idioma. Mantê-la forte exige prática constante, além de uma boa dose de interesse!

A seguir, alguns Colégios bilíngues ou internacionais na cidade de São Paulo – as propostas são diversas no que diz respeito ao predomínio ou não do currículo estrangeiro

Língua Francesa

  1. Lycée Pasteur (Unidade Vergueiro)

Curso Experimental Bilíngue e Complementar Especial em Língua Francesa

http://www.flp-sp.com.br/

http://www.aefe.fr/reseau-scolaire-mondial/rechercher-un-etablissement/bresil-sao-paulo-lycee-pasteur

Língua espanhola

  1. Colégio Miguel de Cervantes

http://www.cmc.com.br/

Língua alemã

  1. Colégio Humboldt

http://humboldt.com.br/

  1. Instituto de Formação Profissional Administrativa do Colégio Humboldt

http://humboldt.com.br/profissional/

  1. Escola Suiço-Brasileira

http://esbsp5.hospedagemdesites.ws/site/

  1. Colégio Visconde de Porto Seguro

https://www.portoseguro.org.br/

Língua Inglesa

  1. The American elementary and High School

Associação Escola Graduada de São Paulo

http://www.graded.br/

  1. Chapel International School

Escola Maria Imaculada

http://www.chapel.g12.br/

  1. Pan American Christian Academy

http://www.paca.com.br/

  1. St Paul´s School

http://www.stpauls.br/

5 . St. Francis College

http://www.stfrancis.com.br/

  1. St Nicholas School

http://www.stnicholas.com.br/

  1. The British College of Brazil

Escola Britânica de São Paulo

https://britishcollegebrazil.org

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